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PROTEÇÃO


Os processos de uma obra de arte (que não terminou). A mais recente obra – quase – finalizada minha foi “Proteção”. Contarei resumidamente os processos dessa obra que precisou de pouco mais de dois anos para, só agora, começar a circular por aí. Pensando nos povos guardiões das florestas e no bioma Cerrado onde vivo atualmente, quis juntar a mulher indígena e quilombola. Em seguida veio a imagem do tamanduá-bandeira. Nessa junção tive esse resultado:












Foi desenhado e redesenhado em muitos momentos. Mas ainda me incomodava alguns pontos:















Teste em papel kraft



Quis ver em tamanho maior e fiz o experimento. Tentei fazer com nanquim e pincel no kraft em tamanho grande. Deu muito trabalho e no final não gostei do resultado. O ângulo do tamanduá, como sua boca “acabava” acima da cabeça da mulher, simplesmente não fechava. Era desconfortável.


A composição ficou deixada de lado por alguns meses, visitando com os olhos de vez em quando. As poucas vezes que tentei me apressar para concluí-la, não dava. O bloqueio era maior. Respeitei o tempo necessário.


Quando, por fim, depois de várias tentativas, consegui desenhar nas proporções desejadas:


Assim nasceu a obra “Proteção”. A princípio a obra estava intitulada “Guardiãs do Cerrado”. Quando já havia finalizado as linhas e feito uma parte considerável das impressões, me atentei melhor a um detalhe: os pés de milho. - “Nossa, que erro feio!” - pensei. Acredita-se que milho tem sua origem na América Central e foi se espalhando pelo território andino. Porém, obviamente, é consumido em larga escala por todo o planeta no presente, sendo muito comum aqui no Cerrado mineiro. Principalmente em pratos típicos como pamonha, broas, mingau, etc. Está no dia-a-dia do brasileiro. Tendo a presença da mulher indígena, mulher quilombola e o tamanduá-bandeira, símbolo forte de animal nativo, coloquei os pés de milho em vez de uma planta natural da região. Mas, é um alimento que respeito muito e valorizo a história. Ao invés de redesenhar mais uma vez, olhei com carinho o vacilo. Precisava mudar o nome e veio a palavra “Proteção”. Através do zelo e respeito às plantas por essas mulheres, independente da origem, à medicina, o respeito ao alimento que colocamos em nosso corpo. Ao cuidado. Não só ato de cuidarem, mas também o nosso papel de proteger. Quando disse no início sobre os processos de uma obra de arte que não terminou, é porque sua circulação continuará criando histórias. Seja em uma moldura numa parede, guardada na gaveta, esquecida e revisitada em anos futuros. Interpretações inimagináveis.




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